Encostada naquela parede suja e fria ela remoia todos seus sentimentos, segurava seu choro com afinco, mordia seus lábios até sentir o gosto do sangue banhar a boca.
- Um cigarro – sussurrou enquanto remexia a bolsa – É tudo que eu preciso.
Pegou a carteira amassada de Marlboro e continuou a procurar o tão estimado isqueiro, e não notou o rapaz chegar próximo dela.
Sem falar nada ele lhe estendeu o zippo com a bandeira dos Estados Unidos que pertencia a garota. Uma lembrança boba, mas tinha todo um valor sentimental para ela.
Ela tragou seu cigarro evitando o olhar do rapaz e logo depois tomou seu estimado isqueiro jogando-o em sua bolsa.
- Eu sei como se sente – sua voz era sarcástica.
Tudo que ele queria era machucá-la da mesma forma que ela fazia.
Era tudo parte de um jogo doentio de ambos. A entrega era prazerosa. O sexo era quente. A necessidade que um tinha do outro era avassaladora, os consumia, colocava-os em ponto de combustão. E apesar de serem mais que compatíveis na cama, fora dela se encontravam em um dilema sem tamanhos.
Seus egos comandavam, suas personalidades fortes se chocavam a todo instante, era uma batalha de orgulhos onde nenhum dos dois dava o braço a torcer.
Ele se aproximou e ela revirou seus olhos compondo uma máscara de tédio, fitou-o com eventual desprezo e soltou toda a fumaça banhada a nicotina em seu rosto.
- Então sabe como é sentir estupidamente bem, não é mesmo? - ela soltou ácida.
Aquele maldito sorriso surgiu entre os lábios macios do rapaz e ela o amaldiçoou por serem tão tentadores. Ela odiava aquele sorrisinho de quem acha que sabe tudo, odiava piamente esse lado do rapaz.
- Você nunca foi boa com ironias amor – ele riu e postou-se em sua frente.
Estava encurralada e sabia disso. Havia colocado sua saia de couro mais provocante e seus saltos stilettos de matar para atentá-lo, chegara ao bar que sabia que ele estaria. Encontrou-o de conversas com outra mulher e logo aceitou o primeiro drink que outro rapaz atraído por sua beleza lhe ofereceu. Trocaram olhares e ela observou satisfeita o par de olhos verdes – tão conhecidos – a queimarem. Obviamente a vadia a sua frente perdera todo o seu interesse, mas mesmo assim ele continuou sentado observando-a.
Sabia muito bem que ele a puniria, mas ela gostava. Rude. Tudo era quente. Fervia. E ela estava doida pra se queimar.
Sentiu as mãos do rapaz em seu quadril, prensando-a na parede com força e mordeu seus lábios deixando o cigarro cair.
- Você pode desfilar esse traseiro por aí – ele a apalpava com vigor – Mas é meu. Tudo aqui é meu e ninguém toca.
- Estúpido – ela soltou com a voz grossa.
- E você adora – falou confiante.
Eles terminariam aquilo na cama, onde de fato todas as suas diferenças acabavam.
Era quente. O encontro de peles. A chama que os consumia parecia estar em seu ápice. Eles se desgastavam, brigavam, xingavam, batiam. Mas tudo sempre tinha o mesmo final doentio e prazeroso.
Não sabiam se era amor, a dúvida assolava os dois de forma constante. E por hora resolviam deixar de lado. Seus egos, suas indiferenças, suas traições. Tudo sempre fadado ao mesmo fim.
- Eu não consigo viver sem isso, sua vadia.
- Nem eu, seu cachorro estúpido, nem eu.
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