quinta-feira, 30 de setembro de 2010

At the end

Das coisas que eu não consigo entender é por que ainda me compara com o que eu era.
Sim, por que isto é passado, o que eu fui, o que eu disse, o que eu fiz é passado. E o fato de ser passado não anula a existência.
Apenas passou.
Assim como esses anos passam por nós, assim como uma febre, algo repentino, que tirou meu fôlego, mas que hoje nem ao menos consegue me alcançar.
Assim como as folhas caem, assim como a lua desaparece ao amanhecer, como você ouve ainda o ecoar da porta que se fechou.
Eu fui embora.
Chorar, lembrar, relembrar, chafurdar-se em uma pilha de agonias e desesperos por sua causa, por sua ausência fez parte, é como um ciclo que felizmente eu cheguei ao fim.
Por que como já dizia Lispector,
“É assim como a primavera, eu me deixei cortar para vir mais forte.”

Indomável

                Em um dia nublado, comum e sem graça, lá estou eu caminhando pelas ruas dessa pequena e nada atraente cidade pensando, ou melhor, refletindo sobre a vida.
                Pensei por todo o trajeto, sobre como eu havia agido nas ultimas semanas, e como eu pretendo levar minha vida daqui para frente. Mas como a maioria dos jovens inseguros eu comecei a me perguntar, por que eu tenho esse dom de complicar as coisas? A maioria das pessoas faz isso, mas poderia ser tão diferente. Poderia... Poderia... Pensei também que esta palavra deveria ser eliminada de todos os vocabulários, por nos trazer nostalgia, sentimentos nos quais tentamos tão arduamente esconder.
                Por que infelizmente é assim que acontece, na maior parte das vezes usamos uma máscara, ocultando nossos verdadeiros sentimentos, por puro e simples medo de se machucar. Perdemos chances em todo o processo, por pensar demais e tentar prever de uma forma pessimista cada ato, sem duvida nenhuma acabamos por nos perder nesse processo, lentamente confundindo ainda mais o que julgamos sentir. Perdendo um pouco de compaixão a si próprio com cada lágrima deixada em vão.
                E seja por amor, tristeza ou ódio, uma hora a máscara pesa demais e tem que cair. Expor de forma absoluta todas as nossas fraquezas diante da pessoa amada ou odiada pode ser fatal. Um trauma geralmente refletido por todas as nossas ações decorrentes, e tudo acaba por ficar mais confuso ainda.  Um pouco mais doloroso.
                E pensando no amor... Bom o amor sempre foi uma incógnita pra mim. Ele é infeliz, uma droga no sentido literal da coisa toda. Foi impossível achar uma razão nele, algo coerente, algo que faça sentido. E acredito que esse seja o motivo de todo esse medo, se entregar ao desconhecido, arriscar. O amor é um terreno incerto, e nós acostumados com tudo o que nos convém temos receio em nos entregar. Sempre foi assim, do inicio ao fim as pessoas costumam amar umas as outras e terem seus corações partidos.
                É um ciclo vicioso no qual o ser humano se encontra, por que precisamos de algo para amar e na maioria das vezes sabemos que vamos nos decepcionar.  Por que não importa o quanto a pessoa que amamos seja boa. Nós sempre esperamos mais, e a esperança tem sido a mãe da maioria das decepções.
                Então nos resta aprender a perdoar, não esquecer. Mas sim perdoar, conseguir lembrar-se de tudo, mesmo as partes ruins e ter consentimento que aquilo aconteceu, e deixou uma marca, mas não para o sofrimento contínuo e sim para a aprendizagem.
                E no fim quase chegando em casa, eu decidi que por mais que todas essas coisas se passassem em minha cabeça e eu tentasse achar um jeito certo de guiar meu coração. Eu nunca iria conseguir. Por que o coração só consegue enxergar aquilo que quer, e não importa o quanto eu tente seguir a razão, ele sempre vence, sempre irá vencer. 

terça-feira, 28 de setembro de 2010

I don't belong here

É de verdade um sentimento estranho, esse de não se encaixar em lugar algum. Muitas vezes eu tenho me perdido, para quem sabe um dia me encontrar. Eu só sou impaciente demais, querendo as coisas para ontem, tentando a todo custo não me acostumar.
Pegando a droga da rotina e jogando pela janela, e assim cantar minha musica favorita, correr sem rumo algum, ou até mesmo andar com meus fones no ouvido esquecendo de toda bagunça dessa cidade que não me é nem um pouco atrativa.
Sabe, eu tenho sempre a sensação de não pertencer aqui, ou á este bolo que chamamos de sociedade, ou a mesmice das coisas, até mesmo a cara das pessoas que apontam o dedo as outras por serem diferentes.
A cada segundo que se passa, tenho a sensação de que meu coração reside em outro lugar, e que enquanto eu me encontrar aqui sem ele, não conseguirei de maneira alguma ser feliz.
Estranha sensação que vive para me angustiar, que me faz seguir em frente sem parar pra pensar, mas que ainda não tira a minha esperança de que um dia eu ainda ache o meu lugar. Talvez o nosso lugar.

Inside


Eu queria poder conseguir definir o que sinto.
É um misto enorme, como se colocassem tudo dentro de liquidificador, acionando a velocidade máxima, e a variando conforme meus dias passam.
Acho que eu sou isto, uma multidão de sentimentos, mágoas, felicidades, drama. E quando alguém me pergunta como eu estou, eu solto aquele "estou bem, e você?" automático, e a mentira se torna tão grande, que me olho no espelho e afirmo que estou bem.
Mas eu não estou. Então tento ao máximo evitar momentos como esses, em que eu passo a avaliar a minha vida, meus sentimentos. Por que é caótico ver a rotina que me cerca, as pessoas de sempre, os lugares de sempre, a dor de sempre, a agonia de sempre. Me sinto sufocada por essa mesmice, torcendo para passar logo, correndo pelos dias, semanas e meses..
E ver a vida passar assim por mim é apavorante, eu cogito a idéia da covardia, mas sei que não é, eu sinto que ainda não encontrei meu caminho, talvez apenas não tenha achado algo que valha a pena arriscar, ou um motivo para voltar com um sorriso no fim do dia.
Mas a procura continua, talvez em um desses meus dias corridos, no meio da multidão vazia que me cerca eu apenas acabe tropeçando nele sem querer.

Come with me



E se eu lhe fizer um convite?
Um convite para ignorar o mundo, segurar minha mão, fechar os olhos e sentir o vento batendo como uma carícia suave por seu rosto. Apenas um passeio, pés na areia, conversa amena, paz interior.
Nós poderíamos nos concertar juntos, todo coração quebrado, egos dilacerados, almas torturadas. Nós podíamos dar um jeito em tudo isso, eu poderia levar você até o mar, e ainda de olhos fechados você sentiria a água salgada no calcanhar, o som leve das ondas que quebram vagarosamente.
Sentiria o conforto invadindo seus sentidos, e eu estaria ali ao seu lado como sempre. Não precisaríamos de promessas, só do momento, sem palavra alguma, só nossas respirações tranqüilas, corações calmos, almas restauradas.
E então eu lhe peço que se veja com meus olhos, que sinta o que eu sinto, que pela primeira vez se deixe confiar e ser amado. É tão doce, é tão calmo, é tão nós dois.
Envoltos em nossa própria bolha, no pedaço do meu mundo que compartilho com você, só sentindo boas vibrações, eu saberia que você me ama, mesmo lutando contra a maré, saberia que o amor está aqui.

Misery

Se fosse me dada à graça de não poder sentir um, de todos estes sentimentos humanos, eu escolheria a angústia.
Por que para mim, ariana, impaciente e contraditória, não há nada pior do que angústia.
É um sentimento de espera, de dor, de vontade, é complexa, atormentadora, destruidora de mentes, devoradora de corações.
A maldita angústia funciona como um ácido. Começa corroendo a borda, comendo pelas beiradas, roendo, machucando, ferindo. E quando se vê ela já tomou conta.
Analisando bem, a angústia é o começo de tudo. Você se encontra angustiado, cria expectativas, isso lhe trás a impaciência, que decorre para a aflição, e mais uma nova rodada de angústia, que gera assim a tristeza, que muda sua máscara para a decepção, produzindo uma mistura quase homogênea com a dor, e aqui encontramos a angústia de novo, de novo, e de novo.
Por esta e mil outras razões, que eu ficaria feliz de excluir a angústia dessa multidão de sentimentos que guardo em meu coração.

A single tear

Sabe o que eu percebi ao deixar minhas lágrimas caírem?
Que finalmente eu estava colocando para fora. Por que tarde da noite quando eu sentia aquela agonia profunda em meio aquela dor tão aguda, eu não conseguia chorar, era como uma anestesia, mas dolorosa.
É dificílimo de entender sem sentir, mas estava ali, eu sentia e sofria calada, vestindo aquele belo sorriso todas as manhãs, tirando certa simpatia de um lugar bem escondido em mim para passar por mais um mísero dia, e quando eu sentia a maciez do meu travesseiro, tudo que eu queria era desmoronar, colocar para fora.
Mas eu só sentia frio, meus pés gelados, meus lábios, meu coração. E ali se trancavam as lágrimas, e ali a agonia me consumia, a raiva, o amor, e a raiva de amar.
Eu nunca quis chegar a este ponto, eu nunca quis passar pelos dias, semanas e meses sem um motivo, apenas rezando para acabar rápido, enquanto as coisas pareciam se mover em câmera lenta.
Não queria me apaixonar, não queria ouvir mentiras, não queria só sexo, nunca quis entregar meu coração.
E bom, quando eu senti a primeira lágrima escorrer, não foi tão ruim. Por que eu sabia que o gelo dentro de mim começava a derreter.
Pela primeira vez, depois daquela noite fatídica, eu me permiti sentir novamente.

I see love

Sentado do meu lado, com o meu fone no ouvido, escutando Arctic Monkeys e cantando comigo.
O amor podia ser isso. Nada além.
Borboletas no estômago, pernas bambas, boca seca, mãos suadas. Pra quê?
O amor podia ser, eu, você, a música, beijos e dias intermináveis como a imensidão do mar.
Eu vejo amor em você, nos seus olhos esverdeados, em seu cabelo castanho, e na sua camisa surrada.
Acho que é por isso que sempre me dizem:
“Menina, você coisa onde não tem!”


505 - Arctic Monkeys (on youtube)

Reason

Complicada demais, impulsiva demais, tudo demais.
Eu sempre fui assim, uma bagunça. E você não se importou, me deixou entrar e já tem meu coração por isso, por se arriscar e por conseguir fazer tudo que eu sempre tive medo de fazer.
Quando eu sentia que tinha o peso do mundo sobre minhas costas, lá estava você para dividir comigo.
E eu sei que no final você vai estar lá quando eu cair, e ao invés de atingir o chão frio, eu vou cair em seus braços, e este vai ser o momento que o seu coração vai amortecer a queda da minha razão.

Procura-se (?)

Apenas pare de desejar um príncipe garota. Você não pode abrir seus olhos e ver o que está o seu lado?
Não consegue ver que aquele cara perfeito, que só fala palavras bonitas, que a ama para sempre não existe?
Coloque seus pés no chão, por que o que vale a pena é o cara que está ai do seu lado, que xinga quando é preciso, que mesmo sendo grosseiro te faz ver a verdade, e de vez em quando até faz você chorar.
Por que esse é o cara que vai lutar por você, não pra te salvar do alto de uma torre, ou de dragões, mas sim da rotina e da solidão. Ele é quem vai te aquecer, até mesmo fazer você ferver quando você sentir que o gelo está começando a correr por suas veias.
Ele pode até não dizer que te ama várias vezes por dia, mas quando dizer por livre e espontânea vontade você sabe que é verdadeiro.
Ele pode esquecer datas, mas vai ser seu companheiro nas tardes monótonas e sem fim.
E quando tudo conspirar contra vocês, ele não vai te deixar cair. Por que mesmo sem a sensibilidade e educação de um príncipe, ele te ama.
Por que este vai ser o cara que não vai dizer: - Amor, tu és bela e te amarei até o fim de meus dias.
Mas sim,  aquele que olhará em seus olhos e falará: Foda-se os outros, eu estou com você e isso é o que eu quero.