quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Loin de mes mains et me tient à cœur


                A. diz: Olá, tudo bom com você?
                V. diz: Não, nada está bem. E isso tá me matando.
                A. diz: Por quê? Você sabe que pode desabafar comigo.
                V. diz: Eu só perdi a vontade de seguir em frente! Estou prestes a sair da casa dos meus pais e me mudar para o meu próprio canto e então eles começam a brigar, a se agredir como antigamente e eu não sei o que fazer! Eu não posso deixar minha mãe sozinha, ela já teve tanto problema com as bebidas e eu não quero que isso volte. Eu a amo. Acho que na verdade ela é a pessoa que eu mais amo no mundo, mesmo isso não sendo recíproco. E então quando tento falar com o meu namorado, ele diz que a vida dele já está cheia de problemas, que só o sexo não tá mais sustentando a nossa relação e que ele quer dar um tempo. Meus outros amigos e amigas estão aproveitando a vida por aí a fora e eu não consigo manchar a felicidade deles com os meus problemas. E o fardo é tão grande A. tem dias que eu acordo e tudo que eu sinto vontade é de continuar deitada, no ponto inércia. Não quero me mexer. Não quero lembrar. Não quero existir. Isso só tem piorado, e me atormenta o tempo todo. Desculpa por falar tudo assim, mas é que eu precisava contar isso para alguém.
                A. diz: Retorno a dizer V. que estou aqui para tudo. E infelizmente eu não tenho soluções mágicas para você. Eu queria poder usar algum tipo de poder e fazer a dor passar. Queria percorrer todos esses quilômetros e chegar à sua casa, olhar para os seus pais e falar o quanto você é especial e que eles nunca te deram a atenção necessária. Que deviam agradecer a Deus por ter a filha maravilhosa que você é. Queria poder dar um tapa na cara desse seu namorado e dizer que ele é um fodido que nunca mereceu uma só transa ou palavra sua. Que você é boa demais para ele. Queria também chacoalhar esses teus “amigos” e perguntar o que eles estão fazendo que não notam essa tristeza no seu olhar.
                V. diz: Você sim é muito mais do que eu mereço.
                A. diz: Você merece tudo que a vida pode te dar V., você é maravilhosa.
                V. diz: Eu não sei o que te faz pensar assim. Eu me sinto invisível em todos os lugares. Como se o que eu sentisse fosse simplesmente descartável.
                A. diz: Se abrace.
                V. diz: Hãn?
                A. diz: Se abrace A. Erga os seus braços e se abrace fortemente.
                V. diz: Tudo bem.
                A. diz: Agora esse é o abraço que eu queria te dar, mas a geografia me impede. Eu queria poder sentir o quanto você é quente e cheirosa, e ver se o seu cabelo é mesmo tão macio quanto parece. Mas além do físico, eu queria poder te fazer sentir o quanto você é especial e única, o quanto a sua existência me agrada e te provar que não há nada de invisível em ti. Eu não posso. Só Deus sabe como eu queria, mas não posso. Então finja que são meus braços e acredite que atrás dessa tela existe alguém que nutre um dos sentimentos mais raros que existem.
                V. diz: Você está me fazendo chorar.
                A. diz: Não tire seus braços ainda. Por que mentalmente eu ainda estou aqui te abraçando.
                V. diz: Sim.
                A. diz: Eu te amo. Você acredita em mim agora?
                V. diz: Eu acredito. Obrigado por isso. Você é lindo, eu queria que esse abraço fosse real.
                A. diz: Não tem nada mais real que o sentimento V. E esse a gente carrega dentro de nós. Eu vou sair, não sei se voltarei hoje. Mas mantenha em mente tudo isso V. Não faça besteiras, eu quero te ver bem. Se cuida.
                A. está offline.
                “Eu te amo A.” Ela digitava.
                Mas a mensagem nunca mais pode ser entregue.

Um comentário:

  1. onw que lindo.
    Mesmo triste lindo.
    "Você é especial e unica" Como eu queria ouvir alguém me dizer isso.
    Parabéns seu texto é perfeito.
    Mais amor, por favor.
    beeijos.

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