terça-feira, 2 de novembro de 2010

Emptyness is all I got

                Então vamos falar de amor, de sacrifícios, de tortura.
                Vamos prosear sobre sofrimento, agonia, dor, saudade, mutilação.
                O começo do fim se deu com minhas palavras frias: “Preciso falar com você.”
                Então há dois corpos em um mesmo espaço, contradizendo as leis da física que eu tanto odeio, você está em mim, em tudo, nos cheiros, nas roupas, entranhado na minha pele, nos meu cabelos, nos meus lábios, eu posso sentir o gosto, o sangue, as batidas de seu coração descompassado.
                Então minha cabeça está repousada perto de seu coração, penso sobre o mês frio que passei e não consigo sorrir.
                Crio argumentos contra meus próprios sentimentos, aperto meus braços ao seu redor, mas não consigo sentir a felicidade me invadir, não consigo sentir a satisfação que outrora fora tão sufocante, tudo que eu sinto é frio, o frio de outubro ainda reside em mim, na minha pele misturado com seu cheiro, passando como gelo em minhas veias, trazendo a hipotermia para o meu coração fraco, deixando as cristas passearem por meus pulmões poluídos.
                Sinto-me pequena, sinto cada átomo do meu corpo congelar, posso ainda sentir as agulhas perfurarem meu peito com força, fazendo o choro sair sufocado, e meus olhos permanecem abertos por toda a maldita noite.
                Pensei que poderia finalmente dormir quando eu soubesse que você havia chego, mas não o frio de meu corpo só aumentou tudo só piorou, e para o meu desespero você parece não se tocar um segundo sequer, minhas lágrimas são compulsivas, meus dutos lacrimais só despejam toda a dor que tem aqui, e eu não sei o porquê disso tudo.
                Não, eu não sei por que me sinto assim, por que todos os toques perderam a sua magnitude, por que eu não consigo mais proferir palavras carinhosas sem que soem falsas, eu traio a mim mesma, ao meu coração que gela um pouco mais com cada atitude ridícula minha.
                Inconsciente de tudo, você sorri e surpreendentemente eu não consigo sorrir de volta.
                Pela manhã, eu me sinto tão suja, tão ignorada que eu só quero me dobrar em mil pedaços e sumir. Busco sabedoria, busco conselhos em minhas amigas, em meu espelho, mas todos só apontam-me o quanto sou ingrata e miserável, o quanto deixo a confusão dentro de mim afetar a todos que estão a minha volta.
                Então eu choro por horas seguidas, eu deixo a almofada entre meus dentes enquanto os grunhidos de dor escapam por minha garganta e quando minhas lágrimas se acabam eu levanto, lavo meus olhos e tomo a decisão de magoar a única pessoa que realmente se importou comigo.
                Digo não, digo que não dá, falo que preciso de um tempo para encontrar a mim mesma, ouço seus insultos sem revidar, aceito a culpa.
                Volto ao começo, sento-me catatônica em minha cama, olho ao redor sem realmente enxergar nada e me pergunto repetidamente: “Que merda eu fiz?”
                Não me sinto leve como pensei que sentiria, não me sinto mais quente, não sinto nada.
                É só isso, é só o nada constante que tem sido minha vida, é só o nada que tem dentro de mim, o nada que me esfria, que me condena, que me amaldiçoa. A solidão que me cerca de todas as formas possíveis, e ninguém entende.
                Ninguém consegue sentir isto como eu o sinto, esse oco, essa casca vazia que afasta toda e qualquer chance de aproximação.
                Sentada, abandonada por minha própria vontade, enclausurada com a dor eu fico, passando pelos dias sem um propósito, sem algo para lutar a favor.
                Assim sigo com minha vida, não vivendo, apenas existindo com oco do nada que perpetua dentro de mim.

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