quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Sunlight

(09/05/2010)

                Saudade é um sentimento tão complexo.
                Ela me consome, às vezes parece que está a ponto de me destruir.
                Mas então memórias de nós dois me invadem, e eu relembro cada sorriso, cada detalhe, cada pequena imperfeição que meus olhos eram capazes de captar.
                O modo como seus lábios lentamente se entortavam em um sorriso malicioso quando estava tentando me irritar, o timbre da voz que atingia tons tão macios quando cantava pra mim, o jeito que suas íris brilhavam quando algo saia exatamente do jeito que queria, a expressão séria e triste que durava segundos quando estava ao meu lado, o cheiro acentuado bem na curva onde o pescoço se encontra com ombro que era uma espécie de calmante pra mim.
                Me prendo a tantos detalhes, que faziam de você a pessoa mais perfeita do meu universo imperfeito, achava que nós éramos partes de algo maior, conseguia quase ver como seria o futuro ao seu lado.
                Mas me encontro aqui, sentada nesse espaço gelado que um dia já fora um ninho de nós dois, segurando uma xícara de café, ouvindo as suas musicas preferidas, e sentindo uma imensa falta de tudo que eu vivi.
                Queria ter a coragem de ir até você, cobrar tudo que prometeu. Já que cada promessa feita é uma dívida, gostaria de ir cobrar todos os sorrisos que por direito são meus, todos os beijos, cada toque, cada palavra.
                E novamente, eu não faço. Apenas observo você seguir adiante, disparando novos sorrisos, novas esperanças, recomeçando do ponto de onde parou, observo sua caminhada em busca da sua felicidade e me contento com isso.
                Continuo respirando, comendo, dormindo, andando, vivendo. E principalmente vendo minha felicidade em forma humana caminhando todos os dias, passando por mim com seus passos lentos e tortuosos, com a mesma expressão juvenil que fora alvo de meus sonhos, com o mesmo cheiro característico e olhar intenso.
                Deixo minha luz ir com você, deixo minhas promessas quebradas te seguirem, e meu coração decorar seus rastros, e meus olhos perseguirem os seus, até o momento em que desaparece de meu campo de visão, e tudo escurece. Me questiono o por que de não tomar nenhuma atitude, de ser tão passiva e infeliz, mas nada me vem.
                Sigo então vendo minha felicidade escapar cada dia mais um pouco por entre meus dedos, que ansiosos ainda esperam os seus.
                Assim como meu coração tem ânsia de ti. Mas sabe que nunca se saciará.
                A saudade continua, por que para alguém ordinário como eu que conheceu um pedaço do céu que chama-se amor, nunca será o bastante. E entre tentar controlar este misto indomável em mim e aplacar a dor eu vou vivendo. Apenas existindo.

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