segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Soulmates never die


                Ela era só mais uma garota ordinária, comum, sem atrativos tão especiais assim.
                Cabelos não tão curtos, com uma cor a cada dia, o corpo não tão esguio assim, os olhos ligeiramente claros, se vestia bem até, colocava o que achava confortável, sem seguir um padrão ou modelos de alguma revista.
                A garota era tímida, mas quando lhe digo tímida, é na essência da palavra mesmo, daquelas que gaguejam, trocam palavras, tropeçam, e preferem perder um dedo a se expor publicamente. Ela passava seu tempo com livros, como sua própria mãe relatava, ela deixava de comer para ler, de sair com os amigos, de estudar, e quando mergulhava em seu mundo colorido, ria em meio às páginas de seu romance preferido, chorava com o mocinho injustiçado, temia o vilão, e sentia o coração bater mais forte quando tudo parecia dar errado.
                Ela era uma jovem atípica, na verdade, tinha um coração e uma imaginação de ouro. Mas não tinha uma vida. É, uma vida sabe? Ela não ia às boates do momento, não escutava as batidas da moda, nem gostava de cantores pops famosos.
                Sua vida, vista de fora parecia um tédio só. Poucos amigos, um ex namorado desprovido de inteligência, uma família conturbada, e crises de adolescente.
                E em uma dessas tardes melancólicas onde a garota caminhava com passos preguiçosos, sentindo a areia por entre seus dedos, e a maresia por seus cabelos, foi quando ela o viu.
                Até hoje a tímida garota lembra, que escutava Oasis no ultimo volume, quando o viu sentado com mais dois rapazes em um daqueles bancos de pedra, e por todo um minuto eles se olharam, e enquanto Live Forever tocava incessantemente o garoto sorriu.
                Envergonhada, ela só desviou o olhar e sentiu suas bochechas esquentarem, alisou seu camisete xadrez nervosamente e passou a mão por seus cabelos uma ou duas vezes enquanto seguia em frente.
                Ela nem notara os outros dois ao seu lado, só quando um gritou seu nome, e por cima da melodia romântica ela virou e viu que o garoto estava acompanhado de seu conhecido, então seguiu até o banco, agora com passos mais ligeiros, sem olhá-lo, cumprimentou o amigo, que com um sorriso malicioso no rosto os apresentou.
                E com um roçar de lábios na bochecha ela pode sentir todo seu corpo arrepiar, e uma voz firme, porém macia se pronunciar por entre seus lábios rosados, ela estava hipnotizada.
                Os olhos castanhos brilharam junto aos verdes, e por um segundo os dois sentiram tudo sumir.
                Eles não sabiam,mas aquele era o tipo de sentimento que só sente uma vez na vida, que poucos tem a sorte de conhecer, de viver toda a magia que é proporcionada, de se entregar de corpo e alma.
                Por que é tão simples, em uma tarde banal como todas as outras, com milhões de almas vivas vagando, duas se conectarem perfeitamente. Por que não foi o amigo o responsável por tal união, nem a mãe da garota que lhe mandara comprar pães, foi algo maior, uma força maior que ambos acreditavam que pode unir todas as coisas existentes.
                E se não fosse ali, naquela tarde comum do ano de 2009, seria mais a frente, dali a um mês ou duas semanas.
                Por que mesmo que fosse uma multidão, duas almas quando são gêmeas se reconhecem de imediato.

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