quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Hopes for changes


                Tento escrever sobre a espera.
                Mas por mais que busque significados para ela, eu não consigo entender.
                Creio que ninguém mais consiga.
                Passa-se a vida toda a espera das coisas, esperamos que venha alguém e nos faça feliz, esperamos ter filhos, esperamos encontrar a felicidade, esperamos passar na faculdade, ter um bom emprego, amigos legais, e sair aos sábados. Esperamos ter uma vida normal, esperamos que a tristeza passe, que os anos se arrastem, que vida acabe.
                São tantas esperanças infindáveis acompanhadas de doses extremas de agonias, é tudo tão subjetivo, tão cruel e maldoso. Mas o ser humano precisa dessas esperanças, mesmo que falsas nós precisamos de sonhos, precisamos ter uma certeza errônea de que há algo além da podridão da realidade.
                Nós caímos na mesmice das coisas, na fadiga da rotina, na tragédia do cotidiano. E sangra-se por dentro cada vez que depara-se com um espelho, com a decepção de não ter alcançado nada além de dias vazios e solitários. Mas se acostuma fácil, e muitas vezes prefere-se fechar os olhos a lutar contra isso.
                É assim que vejo a espera e a esperança, como um veneno corrosivo, que vai destruindo por partes sonhos e corações, começa pelas bordas da sanidade, despejando toda a acidez da agonia, e deixando-o lá para manter a ferida aberta. É sempre a ultima a morrer, pois mata todos antes de dar um tiro em sua própria cabeça.
                Tudo isso é malditamente doloroso e sem porquês, apenas se sente, sem explicação, você sente a dor consumir e atingir patamares inatingíveis, e mesmo assim no fundo do coração hipoteticamente dilacerado e esmagado você guarda esperança.
                E ainda dizem que o ser humano é pessimista.

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