terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Solitude


                Queria achar uma forma de transcrever toda essa tristeza em mim.
                Gostaria tanto de saber lidar com os sentimentos que crescem a todo instante, com as palavras, com as pessoas.
                Desde pequena tive medo da solidão. Mas o tempo foi passando e eu acabei por descobrir que ela residia em nós mesmos. Todo ser humano tem a solidão dentro de si, e acaba por fazer com ela o que se bem entende, tratando-a como amiga, como demônio pessoal, ou apenas como ela mesma.
                Precisei passar por algumas experiências – assim como todo mundo – para entender que para estar só, não precisa ficar trancafiado em um quarto, pode-se estar só rodeado de pessoas também. E eu me senti tão sozinha em tantas situações, como estar com alguém especial ao meu lado e me sentir perdida, ou estar com meus amigos em uma roda onde todos estão conversando, mas eu realmente não sei do que estão falando.
                E parece que essa solidão que outrora fora tão temida, mantém residência fixa em meu peito. Estou sempre à procura de algo, de alguém que possa preencher esse buraco que a solidão abriu, mas nunca encontro. Me sinto tão incompleta, já tentei me apegar em vícios imundos, já tentei esquecer, já tentei ignorar. Mas nada parece funcionar e isso dói no fundo da minha alma, é tão profundo, tão intenso.
                Parece que o bolo na garganta nunca vai ter um fim, e então eu tento escrever sem parar, tento colocar tudo isso para fora, como um pedido desesperado de socorro. E por trás de cada sorriso ou palavra existe um “Salve-me, por favor!” embutido. Mas quando eu olho ao meu redor e não vejo nada além de um quarto escuro, cigarros e uma xícara de cappuccino, a dor termina por me consumir.
                Então sinto preguiça, insônia, desconforto, agonia profunda, tudo ao mesmo tempo. E qualquer coisa parece doer, parece me corroer e estar a ponto de me matar. O pior acontece quando o meu olhar vazio cruza com o espelho e consigo ver que o que eu mais temia, aconteceu.
                A solidão já me tomou por inteira.

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